sexta-feira, 23 de agosto de 2019

FRIDA
Quando eu falar e não olhar em seus olhos
quando você falar
e eu...meus olhos baixar
Entenda
não estou suportando ler o que vi
sua mente
Quando meus olhos estiverem perdidos
É porque todo esse barulho  me tortura...
esse barulho insuportável que range no silêncio
Tento fechar os olhos para não
mas tudo continua claro como um amontoado pedras lunares
o que pode me desligar desse tormento
Meus ouvidos não suportam as palavras não ditas
Vou adoçar meu café com Napalm pela última vez coadjuvante pierrot
quando eu não olhar em seus olhos
É porque não posso ouvir o que eles dizem

segunda-feira, 8 de julho de 2019

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Um fator kafkiano de certo
se sente uma lagosta, baratas aquáticas
Desencaixada da sua carapaça repulsiva
Um cutelo lhe quebraria o sufoco de viver nesse casco asqueroso
explosão em fogo e tormento
gigantesca
Precisa arrancar
imensidão de caminhos
Não cabem
Tudo machuca
Seu corpo se ressente
chora pedras, cristais, adagas, silvos
Um crustáceo miserável
Sorri apesar de si mesma
teatro absurdo
Um resumo mediano
de cores
vazios
Universos paralelos no estômago
Sem olhos.

Texto: Karem Schumacher

domingo, 14 de abril de 2019

Da arte mais bela e solitária fiz o mais terrível trabalho
um amontoado de mágoas e fracassos
Da arte mais nobre e silenciosa,
fiz um barulho metálico ensurdecedor
um silêncio doentio
uma mente tão confusa,
fiz feridas que se escondem em montes de lixo
Em silêncio eu erro
Berro
Encerro
dos rabiscos que criei, nada será lembrado
Como numa profecia maldosa,
da arte mais dolorosa, fiz estragos
Meus olhos não se erguem mais
Meus medos me acorrentam em pavores constantes
me escondo, não deixo mais a luz do sol ferir meus olhos
Todas as cores apagadas
Da arte mais ilusória, desejei tudo

sábado, 23 de março de 2019

Desejei
Imaginei
Enlouqueci
tantas e tantas vezes eu quis
fantasias infames
ilusões shakespearianas
uma merda
Mas o corpo se desfaz
a mente chora como louca
medo da sujeira te abocanha
Nada mais a fazer
final pavoroso
é o preço
Poeira infernal...machucada....apagada
Era tudo brincadeira que corrompe
nada mais a dizer
Só restou um olhar distante e uma espera dolorosa, desejando que o tempo acelere
Querendo a piedade de algo
de alguém
Nem sabe o que
apenas lama
Olhos embaçados
dores atrozes.

Fantasmas de nós mesmos
cruel brevidade de cores
Desfeitos em sufocantes existências
cada centimetro de nada
perecemos
Que a terra nos seja leve, nas maldições auto inflingidas
Poeira do tempo
buscando nossas amargas alegrias, querendo afagar essa ancestralidade mórbida.

Teu corpo é devorado
por vermes de dentro pra fora
De fora pra'dentro te estraçalham a pele...a dignidade
Morada do ódio alheio
Até que se desgaste e seja mofo
até que seja nada
Teu corpo é vazio de maldade
Descartável
derrube lágrimas de fogo
Seja o mal
devore a si mesma
Não permita mais o toque
espalhe suas cinzas indecentes ao vento
Seja a sombra que vigia
vá se deitar antes do fim
Antes que as asas bataam em teus ouvidos dizendo que é chegada a hora
feche os olhos
Recolha tuas flores preferidas
Teu corpo é vazio
colônia do mal
serás anjo esquecido
Não permita que suguem tuas últimas forças...seja um monstro
Arranhe e machuque
Não deixe que digam que era só isso
Letras escarlates em lápides de pedra brilhante na chuva
Chuva de gotas azuis que eram seus olhos