quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Licença Para Matar

Terão licença para matar
nas ruas escuras silenciosas
Terão licença para te pegar, espancar
extermínio
nos bairros afastados
na chuva
medo
Medalhas, estrelas que matam penduradas nos ombros
pavor
Olhos negros abaixados
medo da pele
medo da ginga
de ser
A morte vai te seguir nos becos
nas esquinas tortuosas em cada curva
servindo
chorando
enterrando vidas de graça
Medo da noite, do dia, da chuva
medo de existir nas cidades bizarras
Medo
licença para atirar
pergurntar depois
você vai chorar,
suas lágrimas sangrentas não terão importância
Suas flores jogadas, o primeiro punhado de terra,
Foda-se
você precisar obedecer ou vai morrer
Morreremos.

Rosa vermelha que peguei do chão,
sangrou em minhas mãos
Sangue que cheirava a champanhe
tinha ares de fumaça
Beirava a loucura com saltos altos e riso safado
Rosa vermelha que me persegue e me destrói
Me arrasta pro abismo de mim mesma
Ri com escárnio da minha fraqueza
Por desejar amor.
Amor que nao existe
Que não me exerga
Rosa vermelha que me odeia
me tortura
Rosa de olhos malignos que ferem.
Rosa vermelha maldita.

Sou um fracasso de certo.
A mais insignificante das flores que despencam e  morrem esmagadas no asfalto
Para regozijo de quem já me condenou
Se sou alma, estou condenada
Se sou pedra,
das mais ásperas
De olhos baixos
me escondo.
Nas sombras sonho ser luz
Talvez
Cinzenta
quero ser vermelho
quero ser silêncio
mas grito como louca
um mar congelado de extrema agonia
sou vento que ninguém vê
Se sou átomo
sou universo
Presa num delírio frenético
corrosão
Sou sujeira que incomoda
sombra de dores e alegrias
Me esqueço do ódio
Acabo num dia de chuva.