sábado, 23 de março de 2019

Desejei
Imaginei
Enlouqueci
tantas e tantas vezes eu quis
fantasias infames
ilusões shakespearianas
uma merda
Mas o corpo se desfaz
a mente chora como louca
medo da sujeira te abocanha
Nada mais a fazer
final pavoroso
é o preço
Poeira infernal...machucada....apagada
Era tudo brincadeira que corrompe
nada mais a dizer
Só restou um olhar distante e uma espera dolorosa, desejando que o tempo acelere
Querendo a piedade de algo
de alguém
Nem sabe o que
apenas lama
Olhos embaçados
dores atrozes.

Fantasmas de nós mesmos
cruel brevidade de cores
Desfeitos em sufocantes existências
cada centimetro de nada
perecemos
Que a terra nos seja leve, nas maldições auto inflingidas
Poeira do tempo
buscando nossas amargas alegrias, querendo afagar essa ancestralidade mórbida.

Teu corpo é devorado
por vermes de dentro pra fora
De fora pra'dentro te estraçalham a pele...a dignidade
Morada do ódio alheio
Até que se desgaste e seja mofo
até que seja nada
Teu corpo é vazio de maldade
Descartável
derrube lágrimas de fogo
Seja o mal
devore a si mesma
Não permita mais o toque
espalhe suas cinzas indecentes ao vento
Seja a sombra que vigia
vá se deitar antes do fim
Antes que as asas bataam em teus ouvidos dizendo que é chegada a hora
feche os olhos
Recolha tuas flores preferidas
Teu corpo é vazio
colônia do mal
serás anjo esquecido
Não permita que suguem tuas últimas forças...seja um monstro
Arranhe e machuque
Não deixe que digam que era só isso
Letras escarlates em lápides de pedra brilhante na chuva
Chuva de gotas azuis que eram seus olhos