segunda-feira, 21 de março de 2016

INCOERÊNCIA

Quanto mais tento me livrar da sua presença distante, mais quero beijar você.
Odeio cada segundo da sua existência.
Sua incoerência sua maldade.
Suas gravuras mortas, seus pedais, distorção, gemidos vazios.
Corre, ignora, finge que nunca existiu.
Entre taças de vinho e quilômetros venera um rio.
Sua boca devorada por vermes
Sua voz subterrânea me atinge.
A incoerência da sua presença. Nem existe.
Não olha nem diz bom dia, atravessa a rua e faz que não vê, palavras vazias que escorregam sem cores.
Eu poderia pelo improvável rumo da vida,
beijar teu pescoço até que a próxima lua morresse.
Mas sem olhos sem calor, você corre como louco para ser detestado,
para ser desejado.
Minhas pernas esperam, mãos frias.
Sem tempo, vontade ou coragem
Uma brincadeira de mau gosto.
Ficou gravado nos tendões vibrando como cordas da guitarra que grita e ri.
Veias que esperam enfim
um pequeno momento correrem abertas livremente.
Sorrindo diria seu nome pela última vez
sem nunca ter sentido teu amargo sabor.
Sua inegável couraça,  blindado.
Sou frágil amor!!
Não me toque, me machuque,
ria da minha inocência que queima
brinque com suas palavras
me faça acreditar.

segunda-feira, 7 de março de 2016

NÃO LEMBRA

Botinas molhadas, frio de cortar, nem se lembra mais de comer, não se lembra de quase nada.
Anda sem encarar as máscaras pela rua,  queria um cigarro.
Um copo de vinho pra aquecer o espírito congelado.
Corpo congelado.
Agradece e atravessa a rua, desvia, evita, não precisa mais esperar a raiva passar, pode odiar, pode querer, mas não  lembra.
Não se lembrou de dar o beijo, sem tempo agora, ele esqueceu.
Agora pode se deitar na pedra fria, nem lembra.
A chuva levou embora a coragem, mas ele não se lembra.
Não lembra que entregou a sua vida, não quer lembrar que ela riu, não quer lembrar que ela não acreditou.