segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

ME DEIXE MORRER EM SEATTLE

CAPÍTULO
IV

Eddie passou todos esses dias esperando por ela em casa, ele sabia que ela voltaria, sempre retornava, era uma coisa difícil de lidar, por vezes tinha vontade de deixar tudo e ir embora, já chegara a deixar aquela casa, passou alguns meses longe de tudo, deixou uma carta explicando que não podia mais lidar com tudo aquilo, que a amava sim, que ela era e seria para sempre o seu eterno amor, mas que era muito difícil para ele lidar com os outros, se referia a Scott e Layne, ele sempre soube da ligação doentia dela com Scott, e do amor problemático com o irmão, sempre entendeu os dois lados, nunca questionou. Quando a conheceu, foi em meio ao tumulto da sua vida, ele a acolheu, ela nunca mentiu, ele sabia, e aceitou aquilo.   
Quando a deixou foi a coisa mais dolorosa que fez em sua vida, sofreu muito, não sabia que rumo tomar, não conseguia decidir o que fazer da vida, viajou para alguns lugares, sem definição para trabalho, nada, achava que estava enlouquecendo, começou a beber descontroladamente, não aguentou, estava tentando se matar, não podia mais continuar, resolveu voltar, em nenhum momento, ela o procurou, e quando retornou, e se deparou com ela, ela estava em casa, sim era apenas uma sombra da sua mulher, um fantasma, sentada numa poltrona no quarto do casal, olhando para fora, pela janela, a chuva que caía insistente naquela cidade, chuva eterna, ela estava tão magra, sua pele, cinzenta, seus olhos vazios, vestia um pijama que parecia há séculos não ser trocado, os cabelos escorridos e sujos, o quarto, não era arrumado ao que parecia desde a sua partida, provavelmente ela não tivesse saído daquele cômodo para quase nada, a casa quando entrou estava do mesmo jeito, até mesmo o cinzeiro que estava na cozinha quando partiu, estava lá com as bitucas dos cigarros que ele havia fumado, do mesmo jeito, tudo igual, parecia que nenhum dia havia se passado na casa, ela não movera nenhum copo ali dentro desde a sua saída.
-Querida.
Ela o olhou como quem olha para uma assombração, os olhos se arregalaram.
-Eddie!
Ele a arrancou da poltrona com raiva, a segurando nos braços com força num abraço raivoso.
-O que aconteceu com você?
-Eu...não posso...
-Me perdoe, eu achei que podia esquecer tudo isso, ficar longe dessa loucura toda, essa maluquice, mas não posso, meu bem, não posso ficar sem você, que se foda o resto, preciso ficar com você, me perdoe.
-Você está aqui, eu nem acredito. Ela o agarrava pelo pescoço como para garantir que era real sua presença, chorava.
-Por favor, não me deixe assim, eu queria morrer e não conseguia, tentei tantas vezes acabar com tudo e não pude, essa merda dentro de mim não deixa eu acabar com tudo.
-Graças, eu não poderia continuar se você terminasse, devo agradecer essa merda então, me perdoe querida, fui fraco eu sei, não deveria ter partido e deixado você aqui com os animais, agi errado, fui covarde.
-Chega, não quero ouvir isso de você, de todos nós, o único que não pode ser condenado a nada é você, você é meu anjo, minha salvação, sem você eu já estaria queimando no inferno, o demônio já teria levado minha alma danada, você Eddie, foi o único que não pôde ser atingido pela droga, e eu agradeço tanto por isso, você é tão superior a todos nós, e eu sou tão baixa, você sabe porque estou dizendo isso.
-Ora, esqueça, veja você, como está magra meu bem, o que andou fazendo? quanto pó você cheirou aqui sozinha?
-Não sei te dizer. Tentei fazer uma overdose e não consegui, tentei de tudo pra me matar, não consegui.
-Querida...
Eddie tinha lágrimas nos olhos, pegou sua amada com cuidado no colo e a levou para a cama, a deitou e ficou ao seu lado abraçado apenas, sentindo  o contado de seu corpo, queriam apenas a felicidade de estarem unidos novamente, ela não tinha condições de nada além disso nesse momento, estava completamente debilitada e doente, dormiu nos braços de Eddie como se fosse uma criança que reencontra o carinho perdido e se sente protegida novamente, ele chorava baixo, sua tristeza.



Só que dessa vez ele não partiria, ele ficaria e a esperaria, as coisas estavam se complicando, ele não a deixaria com Scott, ele já a fizera sofrer demais, já a machucara física e psicologicamente por muitos anos, não gostava de Scott, nunca gostou, eram rivais declarados, quando conseguiu resgatá-la de  Scott, foi talvez o dia mais feliz da sua vida, ele afinal deu paz ao casal, viu que não podia mais lutar com o amor deles, mas ainda assim, detestava saber da ligação dos dois, não sabia direito o que acontecia, nem queria saber, só sabia que a ligação era muito forte, mais intensa do que gostaria, ela tinha lá uma devoção estranha que ele não entendia muito bem e não podia pedir que ela renunciasse a isso, ela amava Scott a seu modo, era uma ligação estranha, ele era de certa forma o criador dela, ele a fizera do jeito que era hoje, ela e o irmão, então que chances ele tinha de lutar contra esse homem? Resolvera aceitar isso sem discutir se era certo, bom ou ruim, era assim e a amaria sempre, estranho ou não, ele também era desajustado não é, fora por isso que seus caminhos se cruzaram, então que fosse, estariam sempre juntos. mas jamais iria conviver com Scott, sentia uma aversão natural, ciúme, seja o que fosse.



Ela estava pronta para voltar para casa, Scott já sabia que ela iria embora, era bom, ele precisava acertar contas com o bispo, e não queria ela por perto, iria pegar uns dois ou três para descontar o que fizeram com Peggy a travesti.
-Você tem certeza que vai fazer isso?
-Claro garota, não vou deixar aquele merda agindo por aí, já chega a bosta toda que anda fazendo na cidade, não vai pegar minha gente pra se vingar de mim, esse fanatismo religioso, essa merda que ele criou, isso nem é real, ele inventou tudo, falsa igreja do caralho.
-Eu sei, vamos com calma, preciso ir embora, ver o Eddie, ele deve estar preocupado, não posso deixar ele sozinho, tenho medo que apareçam por lá e façam mal a ele.
-Ninguém vai chegar perto do seu brinquedinho garota, sempre tem gente minha olhando aquela casa.
-Eu agradeço, mas mesmo assim preciso voltar, sinto a falta dele.
Scott pareceu contrariado com essas palavras, foi até a escrivaninha que estava a um canto, tirou um saquinho com pó, esticou alguns tiros ali numa pequena bandejinha de prata, aspirou dois, e levou até ela o restante, fazendo com que ela aspirasse, começou instantaneamente a passar as mãos pelo pescoço dela, segurando com força os cabelos, e virando seu rosto para beijar sua boca com violência, as mãos começavam a descer para os seios, rapidamente para o meio das pernas, ela usava um vestido leve, Scott, já enfiava a mão dentro da calcinha e a empurrava para o sofá, ela obedecia ansiosa como sempre.
-Venha garota, seja minha mais uma vez.
-Ahh..Scott...
Ela não tinha como evitar o contato com Scott, ela amava Scott de forma diversa a Eddie, era um amor doentio, violento e submisso, ela dependia dessa dor, com Eddie era o amor puro, doce, vital, que era necessário para sua sobrevivência sem Eddie ela não continuaria.
Scott mais uma vez a violentava com desejo animal.



Partiu para casa para encontrar Eddie, precisava sair de perto desse mal todo, sabia que agora Scott agiria com violência contra os inimigos e precisava se refugiar por um tempo, estava com  medo apesar de saber ser tão forte quanto Scott, mas agora tinha Eddie, não queria participar da coisa nesse momento.
Estava ligando o carro quando sentiu o puxão no cabelo e algo gelado encostando na sua garganta.
-Quieta, agora, tira a mão da chave bem devagar.
Eram dois, um deles já estava com a seringa injetando a coisa que a impedia se se transformar, que congelava seu sangue, ela estava em pânico. Rapidamente a tiraram do banco do motorista, um deles assumiu o volante, ligando o carro e partiram, o outro a puxou para o banco de trás amarrou suas mãos com uma fita adesivas, dessas ultra resistentes, e começou a falar coisas nojentas pra ela, de como a machucariam e a violentariam agora que ela era a presa preciosa.
-Vamos brincar com você, coisinha deliciosa, passava as mãos grosseiras no meio das pernas dela, até chegar na calcinha, e enfiava os dedos dentro dela com força, ela apenas fechava os olhos, em desespero.
-Uh, que delícia, e forçava mais pra dentro os dedos. Imagina quando eu enfiar meu pau, que gostoso que vai ser hein.
-Hey cara, calma aí também quero brincar com essa delícia.
O homem que estava com ela no banco de trás, a machucava  com as mãos e falava essas nojeiras, lambia seu rosto e sua boca.
-Gostosa, meu pau tá duro, acho que vou fazer você chupar ele agora mesmo.  Gargalhava enquanto enfiava a mãos mais fundo dentro dela.
Eram homens do bispo, que tinham recebido ordens de raptá-la, ele decidira declarar guerra abertamente a Scott, decidira exterminar todos os inimigos, queria purificar a terra, e ser o líder santificado e escolhido com o poder supremo para abençoar a terra e dominar com o medo a população, para isso precisava eliminar os mais fortes, precisava pegar as pessoas mais importantes para Scott os dois irmãos, começou pela garota, o rapaz era mais difícil de ser achado.
Seguiram as ordens expressas do bispo e a levaram  para um lugar onde jamais poderia ser achado por alguém de Scott.



A noite já havia caído, escura fria, a chuva infinita naquele lugar, Layne andava por aquela cidade como se não sentisse o frio nem a chuva, parecia  mais uma fantasma caminhando, passava quase despercebido, pelos lugares, sempre detestou chamar a atenção para sua pessoa, usava sempre uma calça jeans, botas no estilo coturno, camisetas e jaqueta de couro, a coisa mais comum naquele lugar, naquela época era bom estar com luvas, sim, mas ele não as tinha agora, procurou por cigarros nos bolsos da jaquetas, acendeu um, o frio estava realmente cortante, achou que precisava pelo menos ligar para sua irmã e deixar um recado dizer que estava ok. Procurou um telefone, começou a discar, esperou o toque de chamar, nada, direto na caixa de mensagens, estranho, ela nunca desligava o celular, justamente para poder receber seus recados sempre que precisasse. Layne se sentiu inquieto, talvez fosse apenas uma coincidência, a bateria tivesse arriado, mas ele sabia que não.
-Eddie, vou falar com ele talvez ela esteja lá.
Discou para o amigo.
-Eddie?
-Quem é? Tom desconfiado.
-Layne cara.
-Hey!  Rapaz onde você está? Está perto? Venha para casa.
-Não, ela está aí com você?
-Não, foi pra lá, estou esperando ela voltar, deve estar para voltar por esses dias, não sei direito, porque? Tem falado com ela?
-Não cara, não falo com  ela há muito tempo, desde que saí de lá, você sabe, apenas deixo recados, mas contato direto, não tenho feito, acontece que tentei ligar...sei lá, precisava entende, não sei explicar, mas ela não atendeu, caiu na caixa postal, achei estranho, só isso, por isso liguei pra você achei que estavam juntos, mas tudo bem, ela deve estar numa brisa sei lá, alguma coisa assim, você sabe como é.
-Sei, mas mesmo assim fico preocupado, sei que estão cuidando dela e tudo mais, mas  tudo me preocupa, garoto, você pode vir pra podermos conversar um pouco, você passa a noite aqui.
-É melhor não cara, não estou em condições.
-Porra, acha que sou tão puritano assim? Você pode vir pra cá, se quiser passa a noite aqui, usa seus baratos por aqui mesmo.
-Não, é arriscado, por você cara.
-Ok, me dê notícias.
-Ok.
Desligou o telefone, mas a preocupação apenas aumentou, sentia que havia alguma coisa errada, seria hora de procurar Scott? Era o  que mais temia. As dores recomeçaram, a angústia, a cabeça girava, o estômago embrulhado de nojo, teria que se encontrar com Scott novamente, as lembranças voltando com força, as palavras ecoando outra vez nos seus ouvidos, aquilo tudo, ele não queria, não podia lidar com tudo aquilo outra vez, não ia conseguir.
-Eu preciso.
Começou a caminhar rapidamente, sentia dores, mas precisava, sua antiga casa era longe, afastada estava a pé, não haveria outro meio de chegar lá, teria que caminhar, parou numa ruela estreita, cheirou um pouco do pó que trazia.
-Bem, pelo menos agora as dores vão passar por um tempo, e vou andar mais rápido, que se foda.
Caminhou por algumas horas, sempre parando em lugares vazios, cheirando seu pó maligno, ficando acelerado, com o corpo enrijecido, fumando um cigarro atrás do outro, sem sentir a chuva que caía, usava uma jaqueta de couro apenas, os cigarros se molhavam com a chuva, ele maldizia o tempo com os dentes trincados, e caminhava, em breve estaria chegando. Tinha vontade de voltar atrás, não queria encontrar com aquele homem nunca mais na sua vida, jurara para si mesmo que não pisaria naquela casa nunca mais, toda aquela merda que ele cuspira na sua cara era mentira, não fazia sentido, ele era um pervertido nojento, e usava isso tentando perverter e corromper todos ao seu redor, fizera isso com sua irmã, a forçara e ela acabara se submetendo aos desejos daquele homem, porque Scott fez isso? porque se tornou aquele homem asqueroso, era como um amigo querido no começo, depois começou a mostrar sua verdadeira face, e os enganou, os fazendo ingerir aquela merda, que os fez serem o que eram hoje, essa coisa maldita, Scott os amaldiçoara mais do que já eram malditos, já tinham passado por tantas coisas juntos, ele e a irmã, e Scott apareceu prometendo coisas, e ajuda, que no começo pareciam verdade, e depois os jogou naquela guerra particular, que se transformou numa coisa sem fim e se espalhou por toda a cidade, crescendo a cada dia, contaminando tudo, pessoas inocentes, aquela coisa entre ele e o bispo, cresceu tomando proporções sem controle, atingindo pessoas que nem imaginavam estarem sendo alvo das vaidades daqueles dois monstros.
Estava perto da casa, sua pernas tremiam, seu corpo todo tremia, estava encharcado, seus cigarros tinham acabado, seu pó também, sentia raiva, muita raiva, já podia ver a casa, luzes acesas em várias janelas.
Estava na porta de entrada, ela se abriu, Layne se assustou, ele não havia tocado o interfone ou batido, era Scott.
-Se não é o garoto de volta.
-Não estou de volta.
-Então porque está parado na minha porta?
-Onde ela está?
-Foi embora, você estava na periferia? Bem, entre garoto, vamos, troque de roupa pelo menos.
-Não é necessário.
-Você é quem sabe, mas que porra!
-Quando vocês saíram de lá?
-Ontem, ela saiu, foi pra casa, voltou para o brinquedinho dela, estava com saudades.
-Ela não chegou em casa, eu falei com Eddie, ela não apareceu por lá ainda, ele pensa que ela ainda está com o pessoal.
-Hey, o que você está dizendo? Calma aí, ela foi embora, pegou um carro, eu vi.
-Caralho Scott! Layne estava perdendo o pouco controle que ainda tinha.
-Estou te falando, mas que porra! Ela não está em casa, não chegou, aconteceu alguma coisa! Você precisa colocar esse bando de filhos da puta que trabalham pra você pra descobrir o que aconteceu, ela não vai aguentar, entende? Se pegarem ela de novo, e ela passar por aquelas coisas outra vez, ela não vai aguentar, Layne estava completamente fora de si ele gritava e andava de um lado para o outro.
Scott o puxou para dentro da casa, a chuva tinha aumentado, o frio era intenso e era arriscado ficar ali fora com a porta aberta aquela hora.
-Entra caralho!
Entraram. Layne estava acabrunhado de ter que pisar ali de novo, estava ensopado, com frio, deprimido e cansado da longa caminhada e Scott não fazia menção de convidá-lo para sentar-se.
-Pode me arrumar um cigarro?
-Tome, fique com o maço, o que aconteceu com você rapaz, está um trapo, andou se perdendo o suficiente pra ficar sem nada?
-Não é isso, o assunto não sou eu, ok? Você vai fazer alguma coisa, ou vou ter que procurar sozinho?
-Acha que consegue achar ela sozinho? Suas capacidades evoluíram a este ponto?Já pode voar também? Foi assim que chegou aqui? Scott ria irônico.
-Não, vejo que não foi, pelo seu estado, veio na caminhada não é?
-Caralho, vou embora, já te dei o recado, vou atrás dela.
Layne começou a se dirigir para a saída, mas Scott o interrompeu.
-Layne.
Dificilmente ele o chamava pelo nome, isso o paralisou, mas continuou de costas para Scott.
-Fique, preciso que fique aqui, me ajude, algo aconteceu, na verdade, algo está acontecendo, aquele merda, está começando um ataque ao nosso pessoal, acho que pegaram ela.
Layne estremeceu ao ouvir aquilo, não podia ser verdade, sua irmã, nas mãos daquele fanático, suas mãos se fecharam numa raiva contida, ele fechou os olhos, não queria acreditar na que tinha ouvido, respirava com dificuldade.
-Pegaram uma travesti, estão atacando o pessoal nos becos, tem sido ataques ao pessoal das ruas, com pequenas mensagens, ele quer exterminar o mal da cidade, e "nós" somo o mal, aquele filho da puta!
O ódio de Scott o fazia rosnar, nessas horas era possível ver o quanto ele podia ser cruel, seus olhos mostravam todo ódio.



Eddie continuava esperando, sabia que algo estava errado, não era comum o irmão aparecer assim procurando por ela, eles se comunicavam lá do seu jeito, alguma coisa fora do comum estava acontecendo, ele sabia, ela estava demorando para voltar, isso também, não acontecia, ela nunca ficava tanto tempo assim sem dar notícias, ele não queria ter que entrar em contato com aquele outro mas se precisasse, se as coisas estivessem novamente fugindo do controle, se ela estiver em apuros  novamente, o pior era que Layne nunca deixava um telefone de contato, ele sempre vivia como um fantasma, sempre desaparecendo, vivia errante se drogando por aí, só pelo fato de ter aparecido, já era mais do que suficiente para deixar Eddie completamente certo de que as coisas iam começar a se complicar outra vez.



Da boca o universo
corpo de luz
de sombras estelares
dissovlvida em vidas passadas
dores que dilaceram
existência eterna de amores 
não viva
Pela noite dos tempos ela passou
na escura noite do fim estará
sozinha, entre todos
Estrelas, planetas que nascem de sua voz
Tempestades criadas com suas lágrimas
distribuindo amor
Goles de agonia envolvidos em suas mãos interplanetárias
Meteoros de palavras
Olhos que petrificam
que matam
dão vida
Tendo o tempo infinito em sua língua
Língua que deseja
luz dos olhos dele
se volta no éter
derruba lágrimas que criam planetas
De suas bocas unidas surgiram galáxias
A distância criou o inferno
Ela espera a cada dia se tornar poeira
A Mãe do astral
A escuridão da alma
Ele a luz dos sentidos
Ela espera
A eternidade os unirá em todas as vidas

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Me dizem sou má
egoísta
perdida
vagabunda
Me dizem sou escuridão
Sou sofrimento
lágrimas
meu sangue
Sou luz
Contraponto
dor
agonia
sou tudo
Nada
um universo cheio de quimeras
monstros habitam em mim
amor
a mais perfeita imperfeição humana já criada
Sou
Não existo
apenas um reflexo do universo
uma reverberação do verbo
Nada.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

In the favela
the whores
the trick
the children
We over there
seated
unemployed
aimlessly
without anything
philosophizing
bullshit
our intelligence is useless
We are less than shit with our knowledge,
 outcasts
In the midst of absolute poverty
We laughed
We went crazy
in the middle of the most complete shit we are
We cast our wisdom
belch fantasy
a lot of nothing
social marginal
we are shadows of something we could reach
we prefer pain
the crooked paths
the suffering
we try until the pain is so intense that we can not take it anymore
our blood
we laugh
we cry
we are crazy
there in the trash
We are gods

Na favela
as putas
a malandragem
as crianças
Nós ali
sentados
parados
sem rumo
sem nada
filsofando
besteira
de nada serve nossa inteligência
Somos menos que merda com nosso conhecimento,
párias
No meio da mais absoluta pobreza
Rimos
Ficamos loucos
no meio da mais completa merda estamos
Arrotamos nossa sabedoria
arrotamos fantasia
um monte de nada
marginais sociais
somos sombras de algo que poderíamos alcançar
preferimos a dor
os caminhos tortos
o sofrimento
tentamos até que a dor seja tão intensa que não aguentemos mais
nosso sangue
rimos
choramos
enlouquecemos
ali no meio do lixo
Somos deuses

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Chuva
Passos incertos
Cambaleando até
Leve
Consciente da sua inconsciência
Vento
Prazerosamente descalça
Cigarro
Olhos que dizem tudo
conforto
Mantendo a distância
Incontrolável
Se mantém em silêncio
Chuva que desce lentamente pelo rosto
Um beijo frio que arrepia
Satisfação na voz
No cheiro
Apenas vento
Na mente......nuvens de sonhos
Sonhos de braços e bocas
Chuva
Cinzenta é a sua voz
Voz que ninguém escuta
demônios
anjos
conflitos
Chuva dentro dos olhos
olhos de esmeralda
Silêncio
Camnha...chora..sorri......

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

ME DEIXE MORRER EM SEATTLE

III


O conflito com os fanáticos religiosos começou quando Scott foi traído por um amigo, um grande companheiro seu, que partilhava do conhecimento e do uso do daquela droga que começou a transformar o grupo, eles começaram a usar em proveito próprio, mais como uma diversão experimental, antes esse bispo fanático, seu amigo era apenas um rapaz como ele louco inconsequente, quando aquele velho estranho os encontrou e os levou para sua casa e começou a mostrar as maravilhas daquilo, na verdade ele os usou como cobaias, e dois jovens, na época sempre buscando  qualquer coisa que os tirasse do chão, quiseram experimentar, e começaram assim a se tornar o que eram agora, aquele mexicano maldito os usou, e envenenou e continuou a fornecer a droga para os dois.
O velho nunca revelou porque lhes forneceu aquilo, nunca explicou seus motivos, e nunca demonstrou nenhum interesse financeiro para entregar o godsmack a eles, esse mistério era intrigante, mas nenhum dos dois tinha conseguido arrancar nada daquele velho estranho, que mal conheciam o que decorreria daí não interessava.
Os dois jovens eram inteligentes demais, aproveitaram a força que tinham e uniram à sua inteligência natural e se tornaram verdadeiros monstros dominadores, começaram a dominaram a cidade a seu modo, como não eram muito voltados para a bondade ou obras de caridade, obviamente  estavam caminhando pelo lado do submundo, mesmo porque, sempre foram considerados vagabundos sociais, desajustados, como poderiam estar agora com todo esse poder voltados para obras de caridade? Sim iriam usar a força para dominar o mundo da escuridão, esse seria seu reino,  amigos sempre, dominariam o mundo, seriam os reis do submundo, ninguém poderia com eles.
As coisas caminharam assim por alguns anos, a cidade estava controlada, as drogas, a prostituição, tudo era dominados por eles dois, ninguém, ousava desafiar os amigos estranhos, como costumavam dizer, mesmo porque, qualquer rebelião era tratada de forma cruel por Scott , qualquer  desobediência ,sofria um ataque feroz, a morte era dolorosa e torturante, os "funcionários deles evitavam desagradar os "patrões".
As coisas funcionavam assim, até que Scott resolveu que queria viajar novamente para países subdesenvolvidos, queria conhecer mais a miséria de outros lugares e ver como poderia tirar proveito disso também, queria aumentar seu poder, sua fortuna, estava pensando em fazer testes com a droga em algumas pessoas, longe dali, tentar entender o como funcionava, talvez descobrir como era feita.
Resolveu comunicar seu amigo da decisão.
-Vou viajar.
-Pra onde?
-Não sei ainda, estou pensando, quero ver como as coisas funcionando em outros lugares, estou querendo conhecer a pobreza os miseráveis de outros países, ver o que podemos tirar proveito, o que acha?
-Cara, temos esse país inteiro para fazer isso, veja, expandimos nossas ações por vários estados, temos um exército trabalhando pra nós, graças a nossa fórmula mágica, dava uma risada desagradável quando falava, conseguimos controlar essa porra toda, esses vermes que rastejam pelos becos todo o lixo humano que vive nessa merda, controlamos tudo, toda uma rede , podemos controlar tudo se quisermos cara, você  é cheio de pudores, podemos jogar essa porra na água da cidade.
-Caralho, não, a coisa sai do controle, aí fode tudo, você não percebe? Não é assim, promovendo o descontrole que conseguimos fazer as coisas.
O caos, apesar de tudo deve ser controlado, o medo, deve ter como princípio o fim, deve haver a esperança  da libertação, da salvação, você nunca vai entender isso?
-Eu entendo ok, está certo, faça suas viagens, conheça essa gente, veja o que rola, traga novas drogas cara, vamos aumentar nosso poder.
-Vamos cara, vamos, agora vou pro quarto, quero fumar meu ópio preciso viajar um pouco, me acompanha?
-Vamos, também quero.
Foram para um quarto que era especialmente feito para o uso dos cachimbos de ópio, havia pessoas que ficavam  para preparar os cachimbos  e deixar tudo pronto e confortável para os chefes.
Depois que Scott partiu em viagem, as coisas mudaram,  quando retornou com suas crianças   encontrou uma Seattle diferente,  ele ficou fora  por dois anos,  encontrou a cidade modificada, cheia de igrejas das quais não se lembrava antes,  de uma religião que jamais tinha ouvido falar.
Scott estava com os irmãos, os dois jovens que havia trazido do Brasil, foi direto para sua casa, a procura de seu amigo, a casa estava vazia, nem hum dos funcionários que cuidavam da residência estava lá, a casa estava abandonada, a raiva ia aumentando, sentia que estava sofrendo alteração, não queria mostrar sua monstruosidade para aquelas crianças agora, não podia, precisava se controlar, queria estraçalhar alguém, ódio, onde estava aquele merda?
-Crianças, escutem, essa será nossa casa, preciso sair e resolver uma coisas urgentes, ele falava baixo, tentando controlar a raiva, aquele rosnado que lhe era peculiar.
Os irmãos ficaram na casa, sem saber direito o que estava acontecendo, Layne se sentou no sofá e pareceu distante como sempre, Penny começou andar pelo cômodo, e observar a mobília com curiosidade.
-Vamos olhar os outros lugares da casa?
-Pode ir, vou ficar aqui, acho que não há nada demais para ver nesse lugar.
-É só curiosidade mesmo querido vamos comigo, essa casa enorme, e estranha, você não acha?
-Tudo por aqui é estranho não é mesmo?
-Acho que sim.
-Acha, você sabe que sim, porque as vezes você se faz de boba? Porque finge não saber das coisas?
-Pare com isso Layne, vamos andar por aí quero ver o tem nesse lugar, Scott é tão estranho não é mesmo?
-Então porque aceitou vir pra cá com ele?
-Porque você está me atacando desse jeito? está arrependido? pensei que você também queria ter saído daquela merda que a gente vivia.
-Sim, trocamos uma merda nas ruas, por uma merda de luxo.
-Nossa não estou entendendo você, parece que está com raiva de tudo, antes parecia bem, agora, mudou o comportamento.
-Esquece, vamos andar por essa casa e bisbilhotar como você quer.
Ele parecia contrariado, mas tentou não passar isso para a irmã no momento, sabia que havia alguma coisa errada, sua irmã também devia saber, mas parecia deixar passar, ou não queria pensar nisso agora. as coisas, não seriam tão tranquilas como Scott tinha feito parecer quando os tirou do Brasil.
Vasculharam vários cômodos da casa, era uma casa imensa, eles nunca tinham estado numa casa tão grande assim, aquilo não impressionava o garoto, mas a menina bem, era uma garota, e gostava dessa coisas, conforto, luxo, beleza, essas coisas de mulher, a casa era luxuosa, moderna para a época, ficava numa região afastada da cidade, não tinham vizinhos que pudessem avistar pelas janelas.Ao mesmo tempo em que viam conforto e tranquilidade, podia-se sentir ali, um estranhamento no ar, coisa que Layne sentira desde o primeiro momento que entrara, o rapaz possuía uma sensibilidade apurada, estava sempre atento, apesar de transmitir sempre um ar distraído e por vezes apático, talvez fosse essa sua defesa, assim passava despercebido, porém observava com atenção tudo e todos.
-Veja, aquela porta, que estranho não é, onde será que vai dar, não parece ser um quarto, será o porão?
-Deve ser, deixe, vamos voltar para aquela sala, venha.
-Vamos espiar lá.
-Não! ele respondeu com raiva, sentia calafrios de pensar em entrar naquele lugar, queria sair de perto daquela porta o mais rápido possível, não sabia explicar.
Era o cômodo particular de Scott, usado para suas visitas sexuais, ele nunca usava seu quarto pessoal, tinham um exclusivamente para suas estranhas diversões.
-Vamos voltar para aquela sala, ok?
-Ok, desculpe, não queria deixar você bravo.
-Não estou bravo querida, mas você está exagerando, acabamos de chegar nesse lugar e você já está mexendo em tudo, o cara nem está aqui, porra, queria fumar um baseado
-Layne, você não tem jeito mesmo.
-Sou uma alma perdida irmãzinha, você sabe disso.
-Não diga isso, você é meu anjo protetor e sabe bem disso.
-Sou mais seu demônio protetor e você minha bruxinha, não é mesmo? Somos dois diabinhos nessa terra maldita.
Os dois riram, afinal viviam soltos pelo mundo há tempos, não faziam questão de fazer as coisas da maneira correta,  e pareciam se divertir bastante assim, esse fora um dos motivos que fizera Scott escolhê-los quando os vira, depois de passar em revista suas mentes, se apaixonara pelos dois, apesar de serem estranhos, tinham almas que queriam elevação, viviam um conflito torturante, isso era apaixonante.
Voltaram para a sala, Layne voltou a se sentar no mesmo lugar em que estava antes da expedição pela casa, a irmã sentou-se numa poltrona ao lado, mas parecia inquieta.
-Você não consegue ficar parada não é mesmo?
-Não, essa espera, ficar aqui sem fazer nada, é uma coisa irritante, você não acha?
-Na verdade não, pouco importa.
-Me lembro sim.
-O que?
-Mamãe.
-Ah sim, eu sei que lembra.
-Ela era daqui, não é uma estranha coincidência?
-Será mesmo uma coincidência? Será que esse cara não foi atrás da gente com algum propósito, sabendo quem nós éramos?
-Você acha mesmo, que isso pode ser?
-Não sei, que se foda, vamos fumar?
-Não tenho cigarros.
-Eu tenho.
Estendeu o maço para Penny, acendeu o cigarro para ela como um perfeito cavalheiro, o rapaz era uma mistura intrigante de malandro e anjo, uma agonia de se ver tanta beleza numa mente tão conflitante.
Ficaram por ali esperando que o dono da casa voltasse, o que demorou para acontecer, porque Scott estava ansioso em busca de notícias nas ruas, queria saber exatamente o que estava acontecendo, e o que significavam aquelas igrejas novas, se era mesmo o que ele estava pensando, se seus pensamentos seriam confirmados, e se fosse verdade, as coisas iriam se complicar bastante.



Foi arrancado brutalmente das lembranças com o final do efeito da viagem, abriu os olhos, estava deitado naquele sofá imundo ainda, não conseguia saber há quanto, não conseguia saber direito como tinha ido parar ali, precisava se situar aos poucos, sua cabeça doía, seus olhos não enxergavam, estava tudo escuro, nenhuma luz para um direcionamento. Mas aos poucos foi se adaptando à escuridão, se lembrando porque estava ali, só não sabia há quanto tempo. Estava sozinho realmente, começou a andar, o lugar estava uma bagunça, sujo, cheio de seringas espalhadas, pó, latas de cerveja, garrafas de vodca, as janelas estavam abertas, o frio era cortante, a chuva entrava, ele estava gelado, talvez por isso tenha acordado, o fim da viagem e o frio acabaram despertando Layne, procurou o casaco com que havia chegado, estava jogado num canto no chão, vestiu o casaco, mas parecia não ser suficiente, estava procurando um pouco mais de heroína, não havia mais por ali, havia consumido toda, um inferno aquilo, que droga infernal! Uma pessoa normal sem o demônio que ele tinha por dentro se matava muito facilmente com aquilo, ele precisava sair às ruas e ver isso de perto. Achou pó ali num saquinho na mesa, esticou dois  tiros, o efeito daquilo foi suficiente para acelerar seu metabolismo e aquecer de certa forma seu corpo. Precisava sair daquele chiqueiro, saber que dia era, precisava saber notícias da sua irmã, precisava ir embora, precisava morrer.



Scott há tempos tentava aniquilar seu ex amigo, agora um inimigo mortal, mas ainda relutava, talvez pelos velhos tempos, ou por não conseguir mesmo, por serem iguais, terem a mesma força, talvez não pudessem, se conheciam muito bem, conseguiam apenas eliminar as criaturas que iam sendo criadas ao longo do tempo para fazer o trabalho sujo por eles, aqueles que ficavam nas ruas, ou aqueles que serviam nos testes, a massa que estava sendo manipulada, na verdade uma parte dessa gente se auto destruía mesmo, nem era necessário tanto trabalho assim, Scott tinha preguiça de lidar com a massa, preferia deixá-los a sua própria sorte, sua atenção se voltava a penas àqueles que considerava dignos de salvação, que despertassem seu interesse em algum aspecto, que fosse por beleza, malícia, inteligência, ou até mesmo pela pureza, o que fosse, se a criatura chamasse sua atenção ele faria alguma coisa e traria para sua proteção, se não, largaria pela cidade. a cidade inteira enfrentava uma onda de violência, e fanatismo religioso nunca antes vista, Scott sabia que o causador disso era o bispo, ele havia se tornado um fanático maldito, hipócrita, ele usava uma religião torta e distorcida, que abusava da ignorância do povo, se dizia ungido pelo Senhor, tirava dinheiro dos fiéis, arrancava tudo dos pobres coitados, na garantia de terem seus lugares garantidos nos céus, e que o sofrimento na terra era para livrá-los dos castigos do infernos, que deviam agradecer esse sofrimento, que deviam doar tudo o que tinham e se flagelar, em penitência, para assim alcançar o paraíso, se livrando do demônio que anda na terra, o demônio que está em todos os lugares.
Esse maldito filho da puta, distribui aos fiéis de sua seita, "água santa", onde coloca pequenas doses da droga criada pelo antigo bruxo mexicano, batizada com o irônico nome de godsmack. Essa porra dessa droga causa surtos de medo e paranoia, momentos de violência e descontrole de personalidade, é isso o que ele quer, assim ele consegue disseminar na população que o demônio está caminhando na terra, e começa a amealhar as almas perdidas e aterrorizadas, sem saber onde encontrar alívio de seus males, acreditar com sua ignorância que lá está sua salvação. Essa merda toda ele vem disseminando pelo mundo há algum tempo e Scott, vinha lutando contra isso há tempos, mas as coisas não melhoravam, pareciam a cada dias fugir mais ao controle de ambos os lados. Scott andava pelas ruas, falavas com as pessoas, entrava nos inferninhos, trocava algumas palavras com as putas nas ruas elas gostavam dele, ele era sempre gentil com todas, até mesmo com os travestis Scott era gentil, sabia como era difícil a vida dessa gente nas ruas, e afinal a maioria estava ali trabalhando e sempre tinham informações para ele, costumava as vezes dar dinheiro ou drogas para eles, eles o adoravam, as putas sempre se ofereciam para o sexo, ele recusava delicadamente, não gostava de putas de rua, mas tinha carinho por elas, cuidava de todas.
-Hey Donna! Gatinha, como vai criança, era uma garota de no máximo vinte anos, uma novata nas ruas vinda de algum lugar do Texas, fugida dos maus tratos do padrasto alcóolatra e da mãe que não se importava.
-Scott querido, quanto tempo, veio para um pouco de prazer?
-Não docinho, hoje não, estou dando um giro pra ver como estão as coisas, ver como estão minhas meninas, tudo bem por aqui?
-Apareceram uns caras, pegaram a Peggy cortaram ela inteira.
-Ora, como não fiquei sabendo disso?
-Ela tava na pedra, sabe como é, ninguém mais dava atenção a ela.
-Porra, Peggy era minha traveca, como isso aconteceu?
Scott começou a falar com seu rosnado. A garota percebeu a raiva de Scott.
-Olha meu bem, me desculpe, eu não tenho nada a ver com isso, você pode chamar os rapazes e perguntar a eles porque não falaram com você, não fizeram contato.
-Ok docinho, vá fazer seu trabalho, falava com raiva contida, tentando parecer normal com a garota, beijou-a na testa, e deu tapinha no traseiro dela com um sorriso forçado, despachando a moça  para que fosse embora.
Começou a andar em direção a um prédio onde sabia que acontecia o tráfico mais pesado, onde ficavam olheiros seus, onde tinha criaturas transformadas numa proporção bem pequena, farejadores em alerta, prontos para aniquilar os pastores do bispo.
Quando perceberam a aproximação de Scott, houve uma movimentação, alguns debandaram, saindo quase correndo da porta do prédio, outros foram se aproximando de Scott, prontos a atendê-lo, as mulheres que ficavam por ali, se afastaram em respeito, sabiam que Scott queria falar com os homens a sós.
-Vamos entrar.
Subiram para o primeiro andar, um apartamento que era mais confortável do que a fachada destruída aparentava, mantido por Scott obviamente.
-Me fale de Peggy
-Olha chefe...
-Olha o caralho! A raiva era imensa, ele estava descontrolado.
-Nós achamos que era uma coisa sem importância, entende?
-Quem fez isso com ela?
-Aquele viado não era nada.
-Escuta aqui seu filho da  puta do caralho, quem determina se alguém era alguma coisa ou  não aqui sou eu! E esse viado era meu! E eu não fiquei sabendo o que aconteceu, e nem quem  fez isso com ele!
-Olha chefe, me desculpe.
-Me desculpe? O ódio de Scott era tão imenso que seu corpo começou a se repuxar, a pele começou a sofrer, e esticar, seus dentes ficaram proeminentes, o rapaz ficou assustado, apesar de saber o ocorria, sabia que Scott era feroz, e que poderia destroça-lo ali em segundos. Scott estava quebrando móveis tentando aplacar a ira, o rapaz estava num canto tentando fugir do campo de visão, ele falava de forma animal assustadora.
-Nunca mais...nunca mais...vou permitir que algo aconteça nessa merda sem que eu fique sabendo entendeu? Segurava o rapaz pela camiseta, falava tão perto do rosto do rapaz, que estava quase colado e via o pavor nos olhos dele, apesar dele ser um transformado, em menor escala, um soldado raso por assim dizer, ele sentia verdadeiro pavor de Scott.
-Nunca mais, vai acontecer Scott, eu garanto, falou num foi de voz.
Quando largou  a camiseta do traficante viu que estava rasgada, ele havia arranhado o rapaz, sem perceber sua raiva, que se dane, sua vontade era de ter arrancado o coração ali mesmo.
-Descubra se foram os merdas dos pastores, se foram eles quero todos mortos, mas quero que sejam mortos no mesmo estilo, que sofram como a Peggy entendeu?
-Claro chefe, pode deixar, o serviço vai ser feito.
Saiu do apartamento sem mais uma palavra, o alívio do rapaz foi indescritível.