segunda-feira, 26 de março de 2018

Outros tempos
velhas dores,
olhos embaçados de fumaça
Vida cinzenta, caminhos tortos,
fotografias desgastadas de lembranças falsas
meias verdades contadas
uma vida destruida.
Nada.
mentiras escondidas debaixo do tapete
Todos se espantam
se chocam
Condenam
mantendo os mesmos laços de fel
Esmagada como um inseto
Todos em suas poses malditas
Ela?
Jogada,
única,
o sonho de um
aquela imensa obsessão
posse da ilusão.
Amor doentio,
o teve
Tantas vezes
o outro odiou
e a abandonou
Ela possuiu aquele desejo
ainda quer sempre

Luz dos olhos esse amor,

voz rouca, mata de desejo
Ela teve.
Engula sua raiva
Sufoque
Não pode apagar todo o prazer
Intimidade secreta
Sufoque.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Por todas as vidas estaremos de volta
juntos
Os mesmos erros
aprendizados
Me odeiam com  amor imenso
todos unidos em maldições
Por milênios nos amaremos em ódio secreto
meu amor precisa ser entendido
aprenderão que me pertencem
Uma bruxa maldita
que os arrastará para dias de delírio e dor
Reajam!
Seus amores me ferem desde a noite dos tempos
Num eterno retorno
meu isolamento os trará
em sonhos, pesadelos
universos paralelos
intrincadamente unidos
amor e mágoa
Não pedirei perdão
Todos
Nublados
malfadados atos de amor
Maldita
Amaldiçoada talvez
meu amor sem fim
cada um
um corte
Sangue
Me amarram em silenciosa frieza
retornaremos
Por mil anos chorarei
reais
tão modernos e tão frágeis perto do horror da minha passagem em cada vida
Destruidora
Excessiva
Frágil
com lágrimas eternas que nublam meus olhos
sem controle do amor
Uma criatura imensa presa em uma mulher
amores eternos
Carregado de erros
Erros sinceros
Universais

Presos na tela da tv
olhos arregalados
Milagres!
Ali na nossa cara
escarros de absurdos
arrancando com dentes vorazes cada centavo.
O Diabo por todos os lados
espiando, esperando
com um sorriso sórdido
contando notas
Escárnio
Comércio de almas
almas famintas
almas cegas
de jolelhos
Glória!
Cada moeda sua
Rindo, um riso sangrento de morte
Dê o dízimo, rasteje
esperança do paraíso que nunca vem
medo, culpa
pecados desejados
todos choram
todos vendem sua divindade para o lixo
todos acreditam
Morrem
se disolvem como um pesadelo
mãos calejadas
mente alienada
Fim sem começo

sexta-feira, 16 de março de 2018

LIFELESS DEAD
MORTA SEM VIDA

Receio estar morta agora...
Posso ver a água vermelha se esvaindo pelo ralo do chuveiro, levando minha vida.
O vapor enchendo o quadrado onde estou, caída de mau jeito, uma imagem grotesca, a boca semiaberta, os cabelos escorrendo como algas repugnantes.
Ainda ouço a música, muito apropriada para meu último ato, as guitarras gritando desesperadas tentando me acordar, mas meus olhos já não se abrem mais.
Não existe mais dor, desespero ou a sua falta. Nada mais importa, só queria poder ouvir essa música até o fim.

“Então um demônio veio até ela,
Você sabe que eu vou vencer”

quarta-feira, 14 de março de 2018

DAMA DA NOITE

Sempre chegava quando o dia estava clareando, embriagada, enlouquecida, mal ajambrada eu diria, ou na melhor definição, desmontada.
Começava pelos cabelos que tirava com cuidado para não precisar escovar novamente no outro dia, o que era impossível, teria de escová-los com toda certeza. 
As unhas eram a parte mais incômoda, detestava arrancá-las, o que sempre fazia com um misto de fúria e preguiça.
Deixava as sandálias jogadas de qualquer jeito, as pernas doíam, o corpo doía, nada doía mais do que seu espírito corrompido e dominado por todos os vícios.
Se odiava todos os dias, quando via a maquiagem borrada como um palhaço de mau gosto. Arrancava as roupas de qualquer jeito e se jogava na cama para fumar seu cigarro solitário.
Ela não era feliz quando estava sozinha, era preciso guardar os sorrisos para os clientes.
Ali no escuro, a única luz que podia ser vista era a brasa do cigarro se movendo como um vagalume, por vezes em rápidos movimentos, para depois ficar planando no ar sem inerte.
A fumaça se misturava com suas lágrimas por vezes, queimava seus olhos cheios de sombra azul, que ela não tinha ânimo para limpar. Depois cansada de sentir pena de si mesma, decidia que precisava ser um homem forte, amanhã seria um outro longo dia de trabalho. Melhor dormir agora Alberto dizia para si, jogava a bituca do cigarro no chão, puxava o cobertor desgastado, e tentava fugir para onde pudesse não sentir, odiava sentir.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Tomo você
goles de submissão
entrega
Tomo você de joelhos
de olhos fechados
Chuva caindo
o dia inteiro esperando
Provocação do gozo
espero, espero
Tomo você
se desmancha inteiro na minha boca
Um cigarro
me deixa jogada na cama
Meus dedos não podem me acalmar
você diz a hora
quase imploro
Tomo você
cada gota
Minha lingua busca você

HELENA

És mulher agora
forte
fragilizada
única.
Tuas primaveras por vezes sombrias
teus invernos incandescentes
tua dignidade ácida me corroi
me mastiga.
Teu poder me alegra,
tuas sombras me fazem chorar.
Palavras que queimam como ferro em brasa.
É luz, imensurável, melhor, mais bela
teus dias de mulher começam
teu chôro de vida inicia
teu sangue marcou tua vida
cicatrizes eternas
da alma, dos olhos.
Nasceu com as palavras nas mãos também.
Paradoxo de doçura e frieza
te tornas mulher de fato
tuas dores serão imensas
tuas alegrias
Inunda o mundo com tua sabedoria, tua tirania
Grava em tinta tua arte
De todas as formas
Palavras
Riscos
Cores
És a essência do meu melhor
És arte
Peculiar
Irritante
Imensa
Helena.